O mercado mundial de carne bovina conta duas histórias distintas, de acordo com o último dos relatórios trimestrais do Rabobank.
Por um lado, há a forte demanda pelo produto no mercado doméstico dos EUA, cuja oferta interna, prejudicada pela seca, não consegue atender. A isso se somam a fraca demanda e os altos estoques no continente asiático. Em contraste, os principais produtores de bovinos do Hemisfério Sul continuam aumentando seus volumes de produção, afirma o banco.
Alinhados a esta tendência, os preços do boi também mostram disparidade ao redor do mundo, em alta na América do Norte e ainda em baixa no Hemisfério Sul.
Esse cenário levará, de acordo com o relatório, a uma queda de 1% na produção mundial de carne bovina em 2023, na comparação com o ano anterior. Isso porque os aumentos registrados na Austrália e no Brasil não serão suficientes para compensar as reduções em países da Europa e nos Estados Unidos. Essa tendência deve se manter em 2024.
No Brasil, a expectativa é de um aumento de produção entre 1% e 2% em 2024. “A elevação será guiada pelo mercado internacional, expectativas de aumento nas importações chinesas e pela retomada do consumo doméstico, que deve registrar melhora de 0,5% a 1,5% com relação a 2023”, disse o banco.
Os principais destinos da carne bovina brasileira deverão continuar sendo China, Estados Unidos e Hong Kong, que compraram 63% do volume total dessa proteína exportada pelo Brasil nos primeiros nove meses de 2023.
Na China e nos EUA, o Brasil enfrentará maior competição com a carne bovina da Nova Zelândia e da Austrália, que devem elevar a produção em 10% em 2023 e 4% em 2024, respectivamente, segundo o relatório do Rabobank.
“Mesmo com a expectativa de nova redução na oferta norte-americana em 2024, o que deve elevar a demanda no mercado externo, a forte queda nas cotações da carne bovina australiana pode impulsionar as suas exportações e arrefecer as expectativas brasileiras de ver alguma mudança com relação às cotas de vendas para os EUA”, disse o Rabobank.
O Brasil exporta carne bovina para os EUA dentro de uma cota anual de 65 mil toneladas dividida entre vários países. Em 2023, essa cota foi atingida ao final do primeiro trimestre e, com a incidência de uma tarifa de 24,6%, os volumes têm se reduzido praticamente à metade, o que limita a possibilidade de incremento nos volumes embarcados.