As exportações brasileiras de frango devem atingir volumes recordes este ano, prevê a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O país conseguiu nos últimos meses prevenir infecções de gripe aviária nos rebanhos comerciais, que vêm limitando os embarques de concorrentes, incluindo os Estados Unidos.
Maior exportador global de frango, o Brasil embarcou mais de 400 mil toneladas do produto em outubro, incluindo in natura e processados, elevando o volume total do ano para 4,307 milhões de toneladas. O número representa aumento de 6,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A ABPA projeta que as exportações superem as 5 milhões de toneladas em 2023, sendo a China o maior comprador. A receita de exportação no período de 10 meses atingiu US$ 8,301 bilhões, um aumento de 1,3%. As fortes exportações devem continuar em 2024, disse Ricardo Santin, presidente da entidade.
O status livre de gripe aviária do Brasil na Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) ajudou a manter competitivas as exportações de frango do país, que não registrou nenhum caso em granjas comerciais.
Ainda assim, houve restrições pontuais relacionadas a casos em aves selvagens. O Japão, por exemplo, suspendeu unilateralmente as importações de dois estados por um período. Na semana passada, o governo brasileiro estendeu a emergência sanitária de 180 dias para proteger as empresas da ameaça de infecção em rebanhos comerciais.
O crescimento da gripe aviária, no entanto, vem provocando proibições de importações vindas de outros países. No início do mês, por exemplo, o México anunciou a suspensão de compras de regiões dos estados norte-americanos Alabama e Arkansas em que casos da doença foram registrados.
Ao todo, foram mortas neste ano 4,6 milhões de aves nos EUA em razão da doença. O número é bem menor que as quase 58 milhões de aves que o Departamento de Agricultura do país disse terem sido abatidas no ano passado, o primeiro ano do surto.
Embora esse declínio seja uma boa notícia, o fato de as infecções continuarem é uma indicação preocupante de que, diferentemente dos surtos anteriores, o vírus atual encontrou uma forma de sobreviver durante os verões e as aves provavelmente estarão sempre sob risco de contrair a doença.
Na Europa, autoridades da Dinamarca, Inglaterra, Hungria e Países Baixos confirmaram os seus primeiros surtos de gripe aviária em granjas comerciais neste outono. Entre as criações comerciais europeias, ocorreram 399 surtos em 22 países neste ano.
Os dados são da última atualização do Sistema de Informação sobre Doenças Animais da Comissão Europeia (em 3 de novembro), que monitora a situação da doença nos estados membros da União Europeia (UE) e nos países vizinhos.