As maiores empresas de transporte marítimo do mundo vêm interrompendo o tráfego de mercadorias pelo Mar Vermelho após ataques dos rebeldes Houthi, do Iêmen, ao longo da rota comercial.
Como consequência, o comércio global caiu em dezembro, de acordo com o instituto alemão IfW Kiel. A queda foi de 1,3%, impulsionada por uma redução significativa dos embarques no Mar Vermelho.
Segundo os dados, o número de contêineres que passam diariamente pelo Mar Vermelho caiu 60%, de 500.000 em novembro para 200.000 no mês passado. A rota é central para o comércio entre Ásia e Europa, via Canal de Suez e o Mediterrâneo.
Apoiados pelo Irã, os rebeldes Houthi lançaram 25 ataques a navios comerciais no Mar Vermelho desde novembro, intensificando-os desde o fim de dezembro. As ações são uma resposta ao bombardeio de Gaza por Israel.
Os ataques têm forçado as linhas de navegação a suspenderem a passagem pela rota comercial e redirecionar suas embarcações. Tais desvios, em torno do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África, acrescentam cerca de 6 mil quilômetros às viagens – e dez dias, segundo o banco holandês ING.
A estimativa é que redirecionar um navio custe cerca de US$ 1 milhão em combustível extra para cada viagem de ida e volta entre a Ásia e a Europa. Os custos de seguros também vêm aumentando, elevando os custos de transporte em geral e gerando temores de um novo choque inflacionário global.
Rhys Davies, da consultoria Flint Global, afirmou ao The Guardian que os custos de frete foram claramente afetados pelas tensões no Mar Vermelho, mas que o impacto sobre a inflação seria provavelmente limitado.
E, embora os custos globais de frete tenham aumentado acentuadamente nos últimos dias, eles permanecem significativamente mais baixos do que há dois anos. O Índice de Frete Conteinerizado de Xangai, o mais utilizado para taxas de frete marítimo para importações provenientes da China em todo o mundo, registra hoje cerca de metade dos níveis de então.
Com a perspectiva de tempos de transporte mais longos, contudo, poderá haver um impacto negativo nos prazos de entrega nos portos do Reino Unido e em grandes centros europeus, como Roterdã, Antuérpia e Hamburgo.