O presidente norte-americano Donald Trump fez um apelo contundente para que países ao redor do mundo suspendam restrições à importação de carne bovina e de aves dos Estados Unidos. Durante pronunciamento recente, Trump criticou nações e blocos como Austrália, Reino Unido e União Europeia por manterem o que definiu como proibições “não baseadas na ciência” contra os produtos – que, segundo ele, prejudicam os agricultores americanos.
Trump destacou o caso da Austrália, afirmando que os EUA importaram aproximadamente US$ 3 bilhões em carne bovina australiana em 2024, enquanto os australianos “não aceitam nenhuma carne americana”. Ele também criticou a Argentina, por sua proibição da importação de gado vivo dos EUA. Essas barreiras comerciais foram citadas pelo presidente como parte da justificativa para a imposição de novas tarifas comerciais, que vêm abalando os mercados globais desde a semana passada.
As restrições à carne americana variam conforme o país. No caso da Austrália e da Argentina, as limitações remontam a 2003, quando foi detectada a encefalopatia espongiforme bovina (EEB), conhecida como doença da vaca louca, em rebanhos americanos. Embora a proibição australiana tenha sido suspensa em 2019, na prática as importações continuam limitadas devido às rigorosas leis de biossegurança do país. Já a Argentina suspendeu a proibição relacionada à EEB em 2018, mas manteve restrições à importação de gado vivo até que os dois países finalizem um novo certificado sanitário.
A União Europeia e o Reino Unido, por sua vez, mantêm barreiras à carne bovina americana desde 1989, devido ao uso de hormônios de crescimento na pecuária dos EUA. Substâncias como estradiol 17ß e testosterona, comumente utilizadas por produtores americanos, são consideradas potencialmente cancerígenas por autoridades europeias. Outro ponto de atrito é a proibição europeia à importação de aves americanas tratadas com cloro, prática comum nos EUA para eliminar bactérias nocivas.
Para ganharem acesso a esses mercados, os produtores norte-americanos precisarão adaptar suas práticas agrícolas às normas internacionais de segurança alimentar. Enquanto Austrália e Argentina mostram-se mais abertas, o Reino Unido e a UE representam desafios maiores, exigindo o fim do uso de hormônios de crescimento e da lavagem com cloro, além de grande resistência por parte da opinião pública.