A guerra tarifária lançada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, pode causar uma contração de até 1,5% no comércio global em 2025, afirma a Organização Mundial do Comércio.
Em seu relatório de perspectivas globais, lançado na última semana, a instituição avaliou que a pausa temporária de 90 dias nas tarifas recíprocas dos EUA com outros 75 países ajuda a conter a contração do mercado mundial, mas alertou que “fortes riscos de baixa persistem”.
O órgão projeta que, no cenário atual de tarifas, o comércio global terá uma retração de 0,2% em 2025, para crescer 2,5% em 2026. No entanto, se os conflitos se intensificarem, a contração neste ano pode chegar aos mencionados 1,5%.
As projeções são consideravelmente piores do que as feitas em outubro do ano passado, quando a OMC estimou um crescimento de 3% para 2025. Segundo o órgão, a mudança brusca de projeção é um efeito direto da guerra tarifária global que eclodiu nas últimas semanas.
A OMC também revisou suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2025 (2,2%) e 2026 (2,4%), uma queda em ambos os casos em relação à estimativa anterior.
A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou estar “profundamente preocupada com a incerteza em torno da política comercial, incluindo o impasse entre EUA e China”. Em nota, ela alertou que “a persistente incerteza ameaça atuar como um freio ao crescimento global, com consequências negativas graves para todo o mundo, especialmente para as economias mais vulneráveis”.
No último dia 10, a União Europeia anunciou a suspensão de suas medidas de retaliação aos EUA por 90 dias, em resposta à pausa nas tarifas anunciada por Washington. A medida abre espaço para negociações, e Trump não descartou estender o período de trégua tarifária enquanto os países buscam novos acordos.
A OMC projeta ainda um forte declínio nas exportações (12,6%) e nas importações (9,6%) da América do Norte em 2025, e a projeção do crescimento do PIB para 2025 na região recuou de 2% para 0,4%. O órgão também prevê crescimento tímido para a Ásia (1,6%, tanto em exportações como importações), Europa (1% em importações e 1,9% em exportações) e América do Sul (0,6% em exportações e 5% em importações).