Os pecuaristas da Austrália, segundo maior exportador mundial de carne bovina, atrás do Brasil, começaram a receber premiação pela venda de novilhos já padronizados para atender às novas exigências de importações da União Europeia, batizadas oficialmente de European Union Deforestation Regulation (EUDR). A informação é do portal australiano Beef Central.
A nova lei vai banir a importação de produtos provenientes de áreas de desmatamento. Prevista para entrar em vigor a partir de 30 de dezembro deste ano, ela veta a exportação de seis produtos (cacau, café, soja, óleo de palma, madeira, carne bovina), além de derivados (como o couro) produzidos em áreas de floresta que foram desmatadas após dezembro de 2020.
Na última semana, segundo o Beef Central, as interrupções no fornecimento de animais causadas pelas chuvas ajudaram a elevar os preços do gado para engorda em 10-20 centavos/kg (em dólares australianos) nas regiões de Queensland e Nova Gales do Sul, mas outro fator também contribui para o avanço das cotações: os prêmios pagos aos novilhos elegíveis para o mercado da UE.
Compradores de gado para confinamentos disseram à Beef Central que novilhos de 400 kg ou mais estão sendo negociados atualmente por cerca de 370-375 centavos/kg (em dólares australianos) em Darling Downs, sul de Queensland, na Austrália. “Alguns confinamentos têm pago mais do que isso pelo mesmo produto”, relata a reportagem, citando um valor de 394 centavos/kg para bezerros negociados em currais situados no município de Dalby.
Providências do Brasil
Em entrevista recente ao jornal Valor Econômico, o diretor do Departamento de Política Comercial do Itamaraty, embaixador Fernando Pimentel, disse que “o governo brasileiro segue cobrando das autoridades europeias os esclarecimentos e a flexibilidade necessários para a compatibilização da lei com a realidade concreta do comércio dos produtos afetados”.
Segundo a reportagem, a preocupação brasileira cresce com a proximidade da implementação da lei e falta de respostas a uma série de questões por parte do Brasil e outros produtores da América Latina, Ásia e África.
Até o fim do ano, delegações brasileiras farão pelo menos duas novas viagens à Europa, na pressão por esclarecimentos e flexibilidades na lei antidesmatamento.