A situação geopolítica do Oriente Médio se intensificou drasticamente na última semana, com o bombardeio do Irã por Israel e a consequente escalada no conflito. O agravamento da situação já começa a afetar as cadeias globais de suprimentos, causando grande preocupação em relação a como o conflito pode vir a se desenvolver.
De acordo com reportagem da Bloomberg, algumas empresas de navios petroleiros pararam de oferecer suas embarcações para rotas no Oriente Médio, enquanto avaliam os riscos. A região abriga cerca de um terço da produção mundial de petróleo, e os principais exportadores (como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos) têm pouco espaço para desviar as exportações caso a navegação seja afetada.
Um ponto extremamente sensível é o Estreito de Ormuz, por onde passam cerca de 20% do consumo global de derivados de petróleo, com fluxos de petróleo que totalizaram em média 20,9 milhões de barris por dia em 2023. Qualquer interrupção, mesmo temporária, pode impactar drasticamente os preços globais de energia e criar atrasos significativos no fornecimento.
Além do petróleo, o estreito também é crucial para o comércio global de contêineres. Os portos de Jebel Ali e Khor Fakkan funcionam como centros de transbordo na região, servindo como pontos intermediários nas redes globais de navegação, com a maioria dos volumes de carga destinados a Dubai, que se tornou um hub para movimentação de cargas com serviços de alimentação no Golfo Pérsico, Sul da Ásia e Leste da África.
As taxas de frete já registraram aumento após os ataques israelenses ao Irã. Dados da empresa de análise Kpler mostraram que as taxas de frete dos navios-tanque do Golfo do Oriente Médio para a China aumentaram 24% na sexta-feira (13/6), chegando a US$ 1,67 por barril.
O preço do petróleo Brent, referência global, subiu para US$ 74,60 por barril no início da segunda-feira (16/6), um aumento de quase 7% desde quinta-feira (12/6), um dia antes do ataque de Israel. Analistas do Goldman Sachs alertam que um cenário de pior caso envolvendo bloqueios no Estreito de Ormuz poderia elevar os preços do petróleo acima de US$ 100 por barril.