Os abates de bovinos no Brasil no primeiro trimestre deste ano poderão registrar o maior número já contabilizado para o período, superando o recorde do primeiro trimestre de 2014, em cenário de forte demanda externa por carne bovina e queda sazonal do consumo no mercado doméstico. A previsão é de relatório recente do Rabobank.
A redução sazonal no consumo doméstico de carne bovina, que absorve cerca de 70% da produção nacional, tem resultado em oferta acima da demanda. Esse cenário pressionou os preços do boi gordo no mercado futuro e corroborou para a antecipação dos abates como estratégia para reduzir custos e conseguir melhores preços frente aos frigoríficos.
Além disso, segundo o relatório do Rabobank, o atraso no início das chuvas e o consequente menor volume acumulado de precipitação em importantes regiões produtoras resultaram em uma alta nos custos da ração no fim de 2023, o que, por sua vez, implicou em um movimento de antecipação da oferta para abates, principalmente de fêmeas.
“Dessa forma, os abates no primeiro trimestre de 2024 podem ser recordes em comparação com o mesmo período de 2014, o maior volume até então”, disse o Rabobank.
No segundo trimestre, o Rabobank espera uma desaceleração nos abates de fêmeas, mas a oferta de gado deve continuar elevada devido a “quantidades ainda importantes” de abates de machos.
No mercado externo, o banco disse que as recentes habilitações pela China de 24 plantas brasileiras para exportação de carne bovina consolidam o Brasil como o maior fornecedor da proteína ao país asiático e reforçam o cenário de dependência mútua entre os dois mercados. A carne bovina brasileira representou 43% do total da proteína importada pela China em 2023.
Até fevereiro, o volume exportado foi de 408 mil toneladas, 25% acima do mesmo período de 2023, com faturamento de US$ 1,8 bilhão, 17% acima do mesmo período do ano passado.