A China e os Estados Unidos alavancaram o expressivo crescimento das exportações brasileiras de carne bovina em abril, consolidando uma tendência de expansão já observada desde o início de 2025. O volume de embarques somou 273,4 mil toneladas no mês, um aumento de 15,3% em comparação ao mesmo período do ano anterior, gerando uma receita de US$ 1,33 bilhão, um avanço de 27,6%.
A China manteve sua posição de liderança como principal compradora do produto, adquirindo 107,8 mil toneladas em abril, o equivalente a 39,4% de toda a carne bovina exportada pelo Brasil. Os Estados Unidos, por sua vez, surpreenderam com um crescimento extraordinário de 498% nas importações, saltando de 7,99 mil toneladas em abril de 2024 para quase 48 mil toneladas em abril deste ano.
O aumento expressivo nas vendas para o mercado americano é resultado das restrições de oferta causadas pelo ciclo de baixa na pecuária dos EUA, com o menor rebanho em décadas no país, somadas à necessidade da população americana de obter novas fontes de carne.
“O resultado comprova não apenas o tamanho do déficit da proteína que existe hoje no continente norte-americano como um todo, como também que não há comprometimento do quadro favorável às vendas externas de carne bovina brasileira mesmo com barreiras tarifárias sendo impostas por compradores relevantes”, afirmou, em análise distribuída à imprensa, a consultoria Datagro.
Para fortalecer ainda mais a presença no mercado chinês, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), em parceria com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), inaugurou na semana passada um escritório conjunto em Pequim dedicado aos negócios de proteína animal brasileira.
O crescimento acelerado das exportações em abril representa o aprofundamento de um processo que começou no início do ano. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o primeiro trimestre de 2025 já havia registrado números recordes, com abate de 9,71 milhões de cabeças de bovinos, alta de 3,8% em relação ao mesmo período de 2024 – o maior volume já registrado para um primeiro trimestre na história. A produção em carcaças bovinas somou 2,45 milhões de toneladas nos três primeiros meses do ano, alta de 1,6% ante o primeiro trimestre de 2024.
Impulsionado sobretudo pelo apetite chinês e americano, o Brasil exportou 949,9 mil toneladas de carne bovina no acumulado de janeiro a abril, crescimento de 13,5% frente ao mesmo período do ano anterior. A receita totalizou US$ 4,55 bilhões, uma alta de 23,7%. Neste cenário favorável, alavancado principalmente pelos dois gigantes econômicos, a Abiec mantém a expectativa de crescimento de 10% a 12% para as exportações de carne bovina em 2025.
Quanto a novas habilitações de frigoríficos para exportação à China, o presidente da Abiec, Roberto Perosa, afirmou que o entendimento atual entre Brasil e China é que isso deve ocorrer no final do ano ou no próximo.