Por Garra em 16/05/2025 em World

Carne bovina: tarifas dos EUA não foram sentidas nas exportações de Austrália e Brasil em março

Em um cenário de intensa escalada na disputa comercial internacional, as exportações de carne bovina da Austrália e do Brasil para os Estados Unidos registraram números expressivos em março, ainda sem reflexo dos impactos das novas tarifas impostas pelo governo do presidente Donald Trump. 

A Austrália manteve um volume robusto de 32.300 toneladas de carne bovina exportadas para os EUA em março, apenas 8% abaixo do volume de fevereiro e 21% acima do mesmo período do ano anterior. Apesar de comerciantes australianos terem relatado certa hesitação dos compradores americanos na segunda metade de março, devido à incerteza sobre as novas tarifas, os números não demonstraram queda significativa.

Já no caso brasileiro, o cenário foi ainda mais expressivo. As exportações de carne bovina in natura do Brasil para os EUA alcançaram o maior volume da história em março de 2025, totalizando 36.900 toneladas métricas — mais de seis vezes acima do número registrado em março de 2024, quando foram exportadas 5.600 toneladas. O país foi o segundo principal destino da carne brasileira no ano passado, atrás apenas da China.

Especialistas projetam que somente agora, em abril, é que os efeitos das tarifas impostas por Trump começam a ser sentidos. Tanto Austrália como Brasil foram taxados em 10% nesta nova onda de barreiras comerciais anunciadas pelos EUA, sendo que a maior parte da carne brasileira (o volume que excede a cota de isenção) já é taxada em 26,4% para entrar nos EUA. A expectativa é que os Estados Unidos, no entanto, continuem fortemente dependentes das importação de carne bovina, por conta do encolhimento de seu rebanho.

Oportunidades no mercado chinês

Segundo analistas, um dos possíveis efeitos da guerra tarifária é a diversificação de mercados para os produtores de carne. Se o consumo norte-americano de carne importada sofrer redução por conta da perda de competitividade dos países taxados, os exportadores devem procurar outros destinos para embarcar seus produtos.

A China é o terceiro maior comprador de carne dos Estados Unidos, que respondem por 10% de suas importações, atrás apenas da Coreia do Sul e do Japão. Com a escalada das tensões comerciais com os EUA, o país asiático suspendeu a compra de carne bovina de cerca de 60% de seus fornecedores norte-americanos (392 de um total de 654 empresas). O número de suspensões segue subindo e já abarca fornecedores de carne suína e de aves.

Além disso, em retaliação às barreiras impostas por Trump, a China anunciou nesta sexta a elevação das tarifas sobre todas as importações dos EUA para 125%, a partir de sábado (12). Especialistas apontam que a disputa entre os países pode beneficiar indiretamente exportadores de carne como Austrália, Brasil, Argentina e Nova Zelândia, abrindo oportunidades para aumentarem seus embarques para o mercado chinês.

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